A gigante petrolífera global Chevron está supostamente passando pela sua maior reestruturação de sempre, planejando cortar sua força de trabalho global em 20% até o final de 2026. A empresa também reduzirá as unidades de negócios locais e regionais, migrando para um modelo mais centralizado para melhorar o desempenho.
Segundo Mark Nelson, vice-presidente da Chevron, a empresa planeja reduzir o número de unidades de negócios de exploração e produção de petróleo e gás de 18 a 20, como era há alguns anos, para apenas 3 a 5.
Por outro lado, no início deste ano, a Chevron anunciou planos para perfurar na Namíbia, investiu em exploração na Nigéria e em Angola e, no mês passado, garantiu direitos de exploração para nove blocos offshore na bacia da foz do rio Amazonas, no Brasil.
Ao mesmo tempo que reduz o número de empregos e otimiza as operações, a Chevron está acelerando a exploração e o desenvolvimento — uma mudança estratégica que revela a nova estratégia de sobrevivência para a indústria de energia em tempos turbulentos.
Redução de custos para atender à pressão dos investidores
Um dos principais objetivos da atual reestruturação estratégica da Chevron é alcançar uma redução de custos de até US$ 3 bilhões até 2026. Essa meta é impulsionada por fortes tendências do setor e forças de mercado.
Nos últimos anos, os preços globais do petróleo têm apresentado volatilidade frequente, permanecendo baixos por períodos prolongados. Enquanto isso, as crescentes incertezas em relação ao futuro dos combustíveis fósseis intensificaram a demanda dos investidores por retornos de caixa mais robustos das principais empresas de energia. Os acionistas estão pressionando urgentemente essas empresas para que melhorem a eficiência operacional e reduzam custos, garantindo financiamento suficiente para o pagamento de dividendos e recompra de ações.
Sob tais pressões de mercado, o desempenho das ações da Chevron enfrenta desafios significativos. Atualmente, as ações do setor de energia representam apenas 3,1% do índice S&P 500 – menos da metade da sua ponderação de uma década atrás. Em julho, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq atingiram recordes de fechamento, as ações do setor de energia caíram em geral: ExxonMobil e Occidental Petroleum recuaram mais de 1%, enquanto Schlumberger, Chevron e ConocoPhillips também apresentaram quedas.
O vice-presidente da Chevron, Mark Nelson, afirmou categoricamente em entrevista à Bloomberg: "Se quisermos manter a competitividade e continuar sendo uma opção de investimento no mercado, precisamos melhorar continuamente a eficiência e encontrar novas e melhores maneiras de trabalhar". Para atingir esse objetivo, a Chevron não apenas implementou profundas reformas estruturais em suas operações comerciais, como também realizou reduções significativas em sua força de trabalho.
Em fevereiro deste ano, a Chevron anunciou planos para reduzir sua força de trabalho global em até 20%, afetando potencialmente cerca de 9.000 funcionários. Essa iniciativa de redução de pessoal é, sem dúvida, dolorosa e desafiadora, e Nelson reconheceu: "São decisões difíceis para nós, e não as tomamos de forma leviana". No entanto, de uma perspectiva estratégica corporativa, a redução da força de trabalho serve como uma das medidas essenciais para atingir os objetivos de redução de custos.
Centralização de Negócios: Remodelando o Modelo Operacional
Para atingir os objetivos duplos de redução de custos e aumento da eficiência, a Chevron implementou reformas fundamentais em suas operações comerciais, passando de seu modelo operacional global descentralizado anterior para uma abordagem de gestão mais centralizada.
Em sua divisão de produção, a Chevron estabelecerá uma unidade offshore separada para operar de forma centralizada os ativos no Golfo do México (EUA), Nigéria, Angola e Mediterrâneo Oriental. Simultaneamente, os ativos de xisto no Texas, Colorado e Argentina serão consolidados em um único departamento. Essa integração de ativos entre regiões visa eliminar as ineficiências na alocação de recursos e os desafios de colaboração causados pelas divisões geográficas anteriores, além de reduzir os custos operacionais por meio da gestão centralizada.
Em suas funções de serviços, a Chevron planeja consolidar as operações financeiras, de recursos humanos e de TI, anteriormente dispersas por vários países, em centros de serviços em Manila e Buenos Aires. Além disso, a empresa estabelecerá núcleos de engenharia centralizados em Houston e Bangalore, na Índia.
O estabelecimento desses centros de serviços centralizados e polos de engenharia ajudará a padronizar os fluxos de trabalho, alcançar economias de escala, melhorar a eficiência e reduzir o trabalho redundante e o desperdício de recursos. Por meio desse modelo de gestão centralizada, a Chevron visa eliminar as antigas barreiras organizacionais caracterizadas por hierarquias burocráticas e fluxo de informações ineficiente. Isso permitirá que inovações desenvolvidas em uma unidade de negócios sejam rapidamente implementadas em outras, sem a necessidade de aprovações e coordenação em vários níveis de gestão, aprimorando, assim, a capacidade de inovação e a capacidade de resposta ao mercado da empresa como um todo.
Além disso, nessa transformação estratégica, a Chevron deu grande ênfase à inovação tecnológica, reconhecendo-a como um fator crucial para aumentar a eficiência operacional, reduzir custos e impulsionar o crescimento dos negócios.
Merece destaque especial a forma como a inteligência artificial tem demonstrado um valor notável nas operações de refino da Chevron. Um excelente exemplo é a Refinaria de El Segundo, na Califórnia, onde os funcionários utilizam modelos matemáticos baseados em IA para determinar as misturas ideais de produtos petrolíferos no menor tempo possível, maximizando assim o potencial de receita.
Expansão sob estratégia de redução de custos
Ao mesmo tempo em que busca agressivamente estratégias de redução de custos e centralização de negócios, a Chevron não está de forma alguma abrindo mão de oportunidades de expansão. Na verdade, em meio à intensificação da concorrência no mercado global de energia, a empresa continua buscando ativamente novos vetores de crescimento, alocando capital estrategicamente para fortalecer e aprimorar sua posição no setor.
Anteriormente, a Chevron anunciou planos para realizar operações de perfuração na Namíbia. O país demonstrou um potencial significativo na exploração de petróleo nos últimos anos, atraindo a atenção de diversas empresas petrolíferas internacionais. Essa iniciativa da Chevron visa aproveitar as vantagens de recursos da Namíbia para desenvolver novas bases de produção de petróleo e gás, aumentando assim as reservas e a produção da empresa.
Simultaneamente, a Chevron continua a intensificar os investimentos em exploração em regiões consolidadas de petróleo e gás, como a Nigéria e Angola. Esses países possuem abundantes recursos de hidrocarbonetos, onde a Chevron construiu décadas de experiência operacional e parcerias sólidas. Por meio de investimentos e exploração adicionais, a empresa prevê descobrir mais campos de petróleo de alta qualidade para aumentar sua participação de mercado nessas áreas e consolidar sua posição no setor de hidrocarbonetos da África.
No mês passado, a Chevron garantiu direitos de exploração para nove blocos offshore na Bacia da Foz do Rio Amazonas, no Brasil, por meio de um processo de licitação competitivo. Com vastos territórios marítimos e rico potencial de hidrocarbonetos em alto-mar, o Brasil representa uma fronteira estratégica para a Chevron. A aquisição desses direitos de exploração expandirá significativamente o portfólio global da empresa em águas profundas.
A Chevron dará prosseguimento à aquisição da Hess por US$ 53 bilhões, após ter vencido uma batalha judicial histórica contra sua maior rival, a Exxon Mobil, para obter acesso à maior descoberta de petróleo em décadas.
A Chevron está implementando estratégias de centralização de negócios e redução de custos para otimizar sua estrutura organizacional e aumentar a eficiência operacional, enquanto busca ativamente oportunidades de expansão por meio do aumento da exploração e do investimento em recursos globais.
Olhando para o futuro, a capacidade da Chevron de atingir seus objetivos estratégicos e se destacar em um mercado altamente competitivo continua sendo um ponto crucial para os observadores.
Horário da postagem: 28 de julho de 2025
